domingo, 11 de março de 2012

Viagem


                                                                        Viagem



Dos anéis de Saturno

Aos gases de Júpiter e Urano

Busco os mistérios dos buracos negros

Entre incontáveis estrelas do firmamento

Na energia do Sol e de Andrômeda enigmática

Se igual à distância de Sirius à Capela

Uma equação insolúvel

Para uma inteligência comum.

No presente de Marte

O futuro do planeta azul

Do calor de Mercúrio e Vênus

À gélida solidão de Netuno

E Plutão como coadjuvante

Arrastado para a insignificância

Pela prepotência de pseudo-sábios.

Perseguindo um cometa

Meu pensamento se arrasta

Pelas desconhecidas órbitas anelares

E como num sonho surrealista

Minha alma não se conforma

Com a terrena realidade.

Fugir é a tônica de ser simples

Buscar novos campos imaginários

No infinito espaço, um palco

Para nossa arte sensorial.

Pensamento que viaja e extrapola

Mesmo a voz da razão

Levar-nos ia a aprender novas verdades

Que a nossa insanidade egoísta

Empala e empobrece o espírito

Deixando marcas indeléveis no tempo

De nossas vidas insossas

Que tão efêmeras são em comparando

Com a eternidade do Universo sem fim,

Que se quiséssemos poderíamos trazer

Para dentro de nós.

Desde que nossas mentes inférteis

E ocupadas no delírio do ter

Estivessem em comunhão com a simples idéia

Da existência de Deus.

                                                                                                                        Vieira


Só eu e o mar


Na orla do mar de céu cinza

Praia deserta e solidão infinita

Escrevo teu nome na branca areia

Premido pela saudade imperativa

Que as ondas teimosas vêm apagar.



Conchas e carapaças rolando pra lá e pra cá

Burilando ainda mais o pó de seus antepassados

No contínuo e eterno movimento das marés

Fazem-me observar uma pobre estrela que como eu

Também procura um lugar na imensidão.



Escrevo e de novo meu gesto ingênuo

Na areia impotente a onda vem desmanchar

Este nome que guardo na memória

E que tento esquecer, mas não quero

É muito mais forte que eu.



Como se eu estivesse aprendendo a ler

Meus lábios secos pela maresia o soletram

E meu olhar perdido no horizonte

Onde parece que ele se funde com o mar

Para onde minha ilusão me transporta.



Na vã esperança de rever-te

Só teu nome me sobra

Que mesmo assim o mar não aceita

Nem esse gosto que me confortaria eu tenho

Resta conformar-me e deixá-lo só

Marcado a fogo no meu coração

Isso nem mesmo o sangue conseguirá apagar...

Rimas perdidas como eu

Rimas perdidas como eu (Três pontos)

O corpo entorpece

A língua fenece

A mente não esquece...

Os estertores do coração           

Que fogem à razão

Sufocam a emoção...

Do amor perdido

No peito oprimido

O choro sentido...

Caminho sem fim

Que deixam enfim

Mil dúvidas pra mim...

Do amor primeiro

Lembro-me o tempo inteiro

Flechou-me certeiro...

Agora só choro

Pro destino imploro...

Que volte pra casa

Andorinha sem asa...

Aqui é seu ninho

O fim do caminho

É só seu meu carinho.

Meu pensamento entristece

Não agüenta a pressão

Se sente iludido

Mas que renasce assim

Como se fosse canteiro

Lá onde moro

Não sei ficar sozinho...



                                                                            Vieira

terça-feira, 6 de março de 2012